quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Entre coisa e não coisa.

Entre coisa e não coisa.

Poeira sobra em mim, em mim há sobras.

Entre meus cantos encontro silencio.
Calado por excesso de poeira na boca.
Não sei de onde nasce, nem como cresçe, essa poeira do ser.
Poderia ser um vazio adormecido pela solidão.
Hoje em cada parte minha que toco, vejo marcas. 
Marcado de uma existencia única, vivo.
Pela arte de ser pedaço empoeirado, me rasgo.
Não separo o que sou do que não sou. 
Meu corpo em momentos nada foi, precisei perde-lo. 
Como resto de terra fina que fluiu no vento, como poeira talvez. 
No vento pode surgir uma criatividade chamada invenção. 
É , as vezes me invento no vento.
Por isso escrevo, para não virar passado soprado.
Balão, Pipa, folha que luta para não tocar o morte que encontrará no chão.
Foi onde me perdi, nesse não lugar.
Entre o ser e o não ser. na dicotomia de coisa e não coisa.
Finjo existir na nada definida trajetória incerta que chamamos de vida. .


sábado, 9 de junho de 2012

Flor à Iemanjá


Os meus pés não sentem mais o chão
Já não afundam como antes
Apenas sigo adiante ao fundo
Embalado pelo ritmo de sua canção

A melodia do azul das ondas
Quando se confunde com o bege
Gritando em brancas espumas
Faz com que eu, por hora, suma

E o maestro que rege
Esta orquestra dessincronizada
Já não habita aqui há tempos...
Tudo, então, como queiram os ventos

Nessa confusão de cores e sons
O mar invade cada vez mais o meu corpo
Por dentro e por fora...
E assim deixo

Deixo porque agora
Descobri que somente sendo
Inteiramente seu
Sou inteiramente meu

Augusto barros

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Mitologia e Contemporaneidade.

 

              As três Graças (Recorte de A Primavera de Botticelli).   

 Na Mitologia Grega, as Graças são conhecidas como as “Deusas da Felicidade”. Elas são representadas por três mulheres:Aglaia/Abigail, Euphrosyna e Thalia. Cada uma delas personifica, respectivamente, o esplendor, a alegria, o desabrochar.

  

 

INDÚSTRIA CULTURAL DA FELICIDADE

 
PARA QUEM ESTÁ ACOMPANHANDO O SEMINÁRIO “FELICIDADE?” QUE ESTÁ INDO AO AR NA TV CÂMARA, ESSE ARTIGO FOI PUBLICADO NA REVISTA CULT NO ANO PASSADO.
Tornou-se perigoso o emprego da palavra felicidade desde seu mau uso pelas publicações de auto-ajuda e pela propaganda. Os que se negam a usá-la acreditam liberar os demais dos desvios das falsas necessidades, das bugigangas que se podem comprar em shoppings grã-finos ou em camelôs na beira da calçada que, juntos, sustentam a indústria cultural da felicidade à qual foi reduzido o que, antes, era o ideal ético de uma vida justa.
A felicidade sempre foi mais do que essa ideia de plástico. Tirá-la da cena hoje é dar vitória antes do tempo ao instinto de morte que gerencia a agonia consumidora do capitalismo. Por isso, para não jogar fora a felicidade como signo da busca humana por uma vida decente e justa, é preciso hoje separar duas formas de felicidade: uma felicidade publicitária e uma felicidade filosófica.
A felicidade filosófica é a felicidade da eudaimonia que desde os gregos significa a ideia da vida justa em que a interioridade individual e as necessidades da vida exterior entrariam em harmonia. Felicidade era o nome dado ao sentido da pensante existência humana. Estado natural do pensamento reflexivo, ela seria o oposto da alienação em relação a si mesmo, ao outro, à história e à natureza.
Condição natural dos filósofos, a felicidade seria, no seu ápice, o prazer da reflexão que ultrapassa qualquer contentamento.
Sacralização do consumo
A ausência de pensamento característica de nossos dias define a falta de lucidez sobre a ação. Infelicidade poderia ser o nome próprio desse novo estado da alma humana que se perdeu de si ao perder-se do sentido do que está a fazer. Desespero é um termo ainda mais agudo quando se trata da perda do sentido das ações pela perda da capacidade de reflexão sobre o que se faz.
Sem pensamento que oriente lucidamente ações, é fácil se deixar levar pelos discursos prontos que prometem “felicidade”. Perdida a capacidade de diálogo que depende da faculdade do pensamento, as pessoas confiam cada vez mais em verdades preestabelecidas, seja pela igreja ou pela propaganda – a qual constitui sua versão pseudo-secularizada.
A propaganda vive do ritual de sacralização de bugigangas no lugar de relíquias, e o consumidor é o novo fiel. Nada de novo em dizer que o consumismo é a crença na igreja do capitalismo. E que o novo material dos ídolos é o plástico.
Tudo isso pode fazer parecer que a felicidade foi profanada para entrar na ordem democrática em que ela é acessível a todos. O sistema é cínico, pois banalizando a felicidade na propaganda de margarina, em que se vende a “família feliz”, ou de carro, em que se vende o status e certa ideia de poder, a torna intangível pela ilusão de tangibilidade.
Sacralizar, sabemos, é o ato de tornar inacessível, de separar, de retirar do contato. Na verdade, o que se promove na propaganda é uma nova sacralização da felicidade pela pronta imagem plastificada que, enchendo os olhos, invade o espírito ou o que sobrou dele. A felicidade capitalista é a morte da felicidade por plastificação.
Fora disso, a felicidade filosófica é da ordem da promessa a ser realizada a cada ato em que a aliança entre pensamento e ação é sustentada. Ela envolve uma compreensão do futuro, não como ficção científica, mas como lugar da vida justa que se constrói no tempo presente.
A felicidade publicitária apresenta-se como mágica dos gadgets eletrônicos que se acionam com um toque, dos “amigos” virtuais que não passam de má ficção. A felicidade publicitária está ao alcance dos dedos e não promete um depois. Ilude que não há morte e com isso dispensa do futuro. Resulta disso a massa de “desesperados” trafegando como zumbis nos shoppings e nas farmácias do país em busca de alento.
Artigo retirado do blog da Filósofa Marcia tiburi: Filosofia cinza.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Dioniso "o Baco dos romanos"









Metade Deus,metade Humano.Deus do vinho e da Anarquia,desde seu nacimento marcou a unidade entre a vida e a morte.Seus cultos eram abertos a todos,incluindo os de classes mais baixas.Baco por excelencia introduzia a liberdade sexual e mental,ele era compreendido como o limite entre a loucura e a sanidade.Atualmente percebemos resquicios de sua ideologia,esses são matrizes de comportamentos,como a rebeldia patriarcal,a fragmentação entre desejo e culpa,percebemos que esse Deus como todos os outros,são apenas potencialidade humanas,como modelos e aspectos a serem desenvolvidos e conheçidos.Reconheçer esse Deus,segundo Luiz S.Krausz,significa aceitar a necessidade do sofrimento e da morte na vida,é aceitar todas as gamas de emoções que vão do luto ao júbilo,e da dor até o extase,como afirma Nietzsche,é no caos que encontramos o que se designa como Vida.

MUITOS ELOGIAM O VINHO POR ELE TRAZER "ALEGRIA",MAS SEU PRAZER TEM ORIGEM NAS LAGRIMAS DE DIONISO POR UM AMANTE MORTO,O JOVEM AMPELOS.